O papel do anestesiologista é fundamental em qualquer procedimento cirúrgico, garantindo a administração segura da anestesia e monitoramento constante do paciente. Contudo, falhas nesse processo podem resultar em graves consequências e responsabilidade civil do profissional envolvido. Este texto busca elucidar a responsabilidade do anestesiologista e os deveres associados à reparação de danos em casos de erro médico.
Erros Comuns na Anestesiologia
Diversos casos judiciais ilustram os erros mais comuns cometidos por anestesiologistas, incluindo:
- Ausência durante o procedimento: Anestesiologistas que deixam a sala de operações sem monitoramento adequado do paciente podem ser considerados negligentes, como demonstrado no caso onde a ausência do anestesiologista resultou em parada cardíaca e morte do paciente .
- Falhas de equipamento: É dever do anestesiologista verificar o funcionamento adequado dos equipamentos antes e durante a cirurgia. Casos de intercorrências por falhas nos equipamentos de ventilação, por exemplo, resultaram em hipóxia severa e danos cerebrais irreversíveis ao paciente .
- Erro na dosagem de medicamentos: A administração inadequada de medicamentos é uma forma de imperícia. Erros na quantidade ou tipo de fármaco podem levar a reações adversas graves, incluindo parada cardiorrespiratória .
Dever de Reparação
O dever de reparação surge quando o dano ao paciente é comprovadamente resultado de uma ação negligente, imprudente ou imperita por parte do anestesiologista. A legislação brasileira, sob a ótica do Código de Defesa do Consumidor, prevê que a responsabilidade médica é subjetiva, dependendo da demonstração de culpa .
Em situações de erro médico, o anestesiologista pode ser condenado a indenização ao paciente. Podemos citar a critério exemplificativo, os principais:
- Danos materiais: Incluem custos com tratamento adicional e qualquer outra despesa causada diretamente pelo erro.
- Danos morais: Compensações financeiras pelo sofrimento físico e psicológico do paciente e de familiares.
- Pensão: Em casos de incapacidade prolongada ou permanente, pensões podem ser concedidas para suporte financeiro do paciente.
Responsabilidade Solidária
Em muitos casos, a responsabilidade pode ser estendida ao hospital ou clínica onde o erro ocorreu. Isto se dá devido ao conceito de responsabilidade solidária, onde o estabelecimento também é responsabilizado pelos atos dos profissionais que nele atuam.
Jurisprudência
A jurisprudências corrobora com o apresentado, vejamos:
- Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
- Caso: Um paciente sofreu danos cerebrais irreversíveis devido à falta de oxigenação durante uma cirurgia. Foi constatada a falha na monitorização por parte do anestesiologista.
- Decisão: O anestesiologista e o hospital foram condenados solidariamente ao pagamento de indenização por danos materiais, morais e pensão vitalícia ao paciente.
- Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
- Caso: Erro na dosagem do anestésico administrado durante uma operação ortopédica, resultando em parada cardiorrespiratória e subsequente morte do paciente.
- Decisão: O anestesiologista foi responsabilizado por imperícia, e houve condenação ao pagamento de indenização por danos morais à família do paciente, além de danos materiais pelas despesas hospitalares e funerárias.
- Superior Tribunal de Justiça
- Caso: Falha no equipamento de anestesia que não foi detectada pelo anestesiologista antes da cirurgia, resultando em complicações severas para o paciente.
- Decisão: O tribunal manteve a condenação por negligência, destacando a responsabilidade do anestesiologista em garantir o perfeito funcionamento dos equipamentos utilizados.
Conclusão
A tendência das decisões judiciais é claramente voltada para a proteção do paciente, destacando a vulnerabilidade deste na relação com profissionais da saúde. Anestesiologistas possuem um alto grau de responsabilidade dada a criticidade de suas funções. A aderência estrita aos protocolos e a constante atualização profissional são cruciais para minimizar riscos e evitar litígios. Em caso de erro, é essencial que os pacientes estejam cientes de seus direitos e das vias legais disponíveis para reparação de danos.